"Fiz uma revolução
e agora
busco para meu mundo
outra solução.
troquei um dilema
por um problema
troquei teorema
por trabalho.
a revolução não é solução
ela é um primeiro passo.
ela não é a mudança.
ela é o último recurso."
Dae Son
No mundo de ilusões em que costumamos nos recrear, esperamos que um trovão de luz anuncie a mudança e basta apenas que nos ponhamos prontos e atentos. Esperança buscada por doquier numa palavra, num livro, num texto, num olhar, n’alguém; enfim num giro copernicano que nos colocará a vida em outro navio; numa narrativa ideal para futuramente nos envaidecer e cortar os ventos de vida contrária.
Existe sim, e surge como o bote salva vidas daqueles que se sentem derrotados cotidianamente. Porém, toda esta luz e barulho das revoluções de toda ordem, estes fogos de artifícios que acompanham os tambores, são somente um a posteriori de algo já acontecido, já engendrado. Quase sempre não permitem que se revelem, em toda sua extensão, as luzes e as sombras do processo de mudança que anunciam.
Esta esperança é uma fria e calculada mise-en scène, uma alegoria anacrônica vendida pelas livrarias e telenovelas. Como uma banda marcial a pisada forte, passam por cima das rosas e espinhos que temos nas mãos, cada qual com sua cor, levando nossas moedas rapidamente.
As biografias verdadeiramente contadas nos deixam pouca esperança de encontrar semelhantes ânimos, para enfrentar o contemporâneo entre a nossa vida e o passado brilhante e realizado de outrem, ou seguir seus mesmissimos passos e sua exemplaridade.
Para toda biografia que revela apenas a luminescência do poder, a grandiosidade e a grandiloquência de um líder, é sabido que existe, numa gaveta escondida, outra narrativa que guarda, em necessário segredo, os dias escuros ofuscados pelo brilho desta biografia imaculada em prosa e verso.
Quanto mais nos aproximamos da luz alheia, mais cegos ficamos.